A saúde e o estresse no trabalho

O estresse ocupacional ocorre quando o indivíduo avalia as demandas do trabalho como excedendo a capacidade de enfrentamento que possui. No entanto, o estresse ocupacional, não é influenciado somente pelas características do trabalho, mas também por outros fatores tais como: desafios do trabalho, características pessoais do trabalhador e recursos de enfrentamento disponíveis. O grande problema é que, sem recorrer a estratégias que ajudem a minimizar o estresse, a tendência é que a tensão aumente, provocando sintomas físicos e psicoemocionais.

A consequência do estresse prolongado na vida do profissional é a vulnerabilidade para a chamada Síndrome do Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional. A Síndrome do Burnout se caracteriza por uma exaustão emocional, redução da realização profissional, da eficiência e da produtividade. A sintomatologia é variada e habitualmente composta por sintomas somáticos, psicológicos e comportamentais.

Um profissional que está esgotado tende a criticar tudo e todos que o cercam, tem pouca energia para as diferentes solicitações de seu trabalho, desenvolve frieza e indiferença para com as necessidades e o sofrimento dos outros, tem sentimentos de frustração e comprometimento da autoestima, sente-se injustiçado e não valorizado pela instituição em que trabalha.

Estudos avaliando a relação entre trabalho e saúde no ambiente organizacional mencionam que 1 em cada 5 trabalhadores sofre de alguma condição mental, que é a principal causa de queda de produtividade e a segunda causa de absenteísmo nas empresas. Estas pessoas tendem a utilizar os serviços de saúde com muita frequência, buscando tratamento para sintomas físicos como dores de cabeça, dores musculares, insônia, dentre outras, sendo que muitas vezes eles são ocasionados por estresse mental.

Há fatores psicológicos individuais que se relacionam com a manifestação de transtornos mentais, a exemplo da depressão, que pode ocorrer em consequência da não adaptação a uma situação estressante. Um levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2012 indica que a depressão, por exemplo, afeta cerca de 350 milhões de pessoas e ocupa o segundo lugar dentre as doenças que causam incapacidade no trabalho, e a projeção é que até 2020 ela esteja no topo da lista. Os dados estimam que quatro em cada dez pessoas tem depressão. Só no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são mais de 10 milhões de pessoas que sofrem com o problema.

A depressão pode ser desencadeada por diversos fatores, como o término de um relacionamento, perda de um ente querido, problemas financeiros, o diagnóstico de uma doença, dificuldades profissionais, dentre outros.

Pesquisadores que estudam a saúde e o estresse no ambiente corporativo argumentam que a organização do trabalho não cria doenças mentais específicas. Ela apenas favorece as manifestações psicológicas e emocionais que já estavam instaladas na vida das pessoas. Ou seja, no caso de pessoas que têm predisposição para depressão, o estresse ocupacional pode ser a gota d’água para o surgimento do quadro.

Daí a importância de se investir em estratégias relacionadas ao contexto laboral, capazes de monitorar as condições de trabalho, para prevenir ou aliviar a tensão permanente. O CCC, visando promover a saúde de sua equipe profissional implantou, em 2012, o Programa de Atenção Psicossocial aos Colaboradores, que por meio de abordagens utilizadas no Espaço de Reflexão, procura identificar as fontes de estresse ocupacional na instituição, treinar e capacitar o profissional para o manejo de aspectos psicossociais que podem de alguma forma causar desgaste emocional e afetar o seu dia a dia.

Elizabeth Nunes de Barros
Coordenadora da Psicologia do Centro de Combate ao Câncer
Responsável pelo Programa de Atenção Psicossocial aos Colaboradores do Centro de Combate ao Câncer

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