Dançar: uma atividade com muitos benefícios ao corpo e à mente

Por Elizabeth Barros, psico-oncologista do Centro de Combate ao Câncer.

Corpo e mente são dois aspectos de uma mesma experiência humana. Cada parte do seu corpo tem sua contrapartida emocional. São dois componentes inseparáveis, mesmo que um possa estar oculto enquanto o outro se manifesta visivelmente.

Perceber o físico e o emocional como cooperantes pode ser extremamente benéfico porque quanto mais essa cooperação servir para lhe revelar algo sobre você mesmo, maior será o senso de controle sobre sua vida. Ao nos tornarmos conscientes dessa interrelação, ampliamos o contexto no qual iremos lidar com nosso corpo.

O movimento corporal permite que nos afastemos do mundo externo, o que nos ajuda a descartar o comportamento e as atitudes que podem afetar negativamente nossa saúde. Ao nos voltarmos para dentro, podemos criar uma imagem mental capaz de estimular nosso corpo. Dançar beneficia as dimensões física, emocional e cognitiva e permite a integração social, além de favorecer o funcionamento dos sistemas circulatório, respiratório, esquelético e muscular.

A dança favorece um estado mental que é compensador por si só. É um caminho na direção de nos libertarmos e nos tornarmos não só mais saudáveis como, também, pessoas plenas e livres para experimentar as possibilidades que a vida oferece. Estudos publicados na literatura médica têm enfatizado que a atividade física ativa as substâncias neurotransmissoras conhecidas como endorfinas, criando um estado de bem-estar.

Tendo em vista a magnitude dos benefícios causados pela dança e pelo movimento corporal, diversos centros médicos de tratamento oncológico estão, atualmente, utilizando a dança como uma terapia complementar. Já é reconhecido pelo meio médico que programas estruturados de dança destinados a mulheres com câncer de mama, por exemplo, propiciam uma percepção saudável da imagem corporal e promove o senso de feminilidade, elegância e sensualidade que podem estar ameaçados pela natureza da cirurgia. Dançar possibilita que as pacientes vivenciem a liberdade total do movimento corporal, ajudando a promover uma atitude positiva. Além disso, a dança é uma prática desenvolvida em grupo, o que permite que elas compartilhem experiências entre si e estejam mais preparadas para lidar com o ao diagnóstico de câncer de mama. Dance e permita que seu corpo e sua mente falem com você!

Dançar é hoje, comprovadamente, uma das atividades que mais trazem benefícios ao corpo e à mente.

O pensador francês Paul Valéry, um dos mais importantes nomes da corrente filosófica conhecida como simbolista, certa vez escreveu: “Cada povo que compreendeu a importância do corpo humano, ou que, pelo menos, teve a noção sensorial de sua estrutura, de seus requisitos, de suas limitações e da combinação de genialidade que lhe são inerentes, cultivou e venerou a dança”.

Ao se referir à dança como objeto de veneração, o filósofo alude à atividade corporal como algo capaz de proporcionar um novo sentido à vida. Helô Gouvêa, uma das mais conceituadas professoras de jazz do Brasil e coordenadora do Espaço Anacã – Corpo e Movimento, concorda. “A dança oferece às pessoas a oportunidade de se socializarem, se divertirem e se fortalecerem para combater as angústias do dia a dia, a que todos nós, seres humanos, estamos sujeitos”. O importante é sentir-se vivo, deixar-se envolver pelo ritmo e sentir as notas musicais circulando pela corrente sanguínea. Helô, do alto de sua larga experiência com a dança, já viu o avanço de muitas pessoas que passaram a vivenciar sua experiência corporal de maneira mais completa quando começaram a dançar. Ela define: “Conhecer seu corpo por meio do movimento possibilita encarar seus limites e potencialidades, favorece o afastamento da desconfortável sensação de angústia e infelicidade decorrente do adoecimento, melhora o estado de saúde, promove a percepção de que os momentos adversos acabaram e traz liberdade para soltar-se e dançar”.

E viva a vida!

 

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