Obesidade e COVID-19

A pandemia da COVID-19 nos trouxe uma realidade que até então a maioria das pessoas nunca tinham escutado, o impacto da obesidade (e demais doenças crônicas) na saúde do indivíduo. Isso porque após o início da doença foi evidenciado que indivíduos obesos e com diabetes tipo 2 eram afetados de maneira mais grave, comparados aos indivíduos sem essas comorbidades, embora a doença afete todos os grupos.

A obesidade é uma doença complexa causada por diversos fatores, como genética, hábitos alimentares, sedentarismo, etc.; dentre essas causas, vamos focar nas escolhas alimentares.

A dieta ocidental é caracterizada por alta ingestão de gorduras saturadas, açúcares e farinhas refinadas e baixa ingestão de frutas, verduras e legumes, além de pobre em gorduras saudáveis e antioxidantes. O efeito disso é que o tecido adiposo ao aumentar de tamanho, começa a comprimir os vasos sanguíneos que o rodeia, causando uma “interrupção” no fornecimento de oxigênio e nutrientes a essas células, com isso, são liberadas substâncias inflamatórias recrutando células do sistema imunológico para combater aquele problema.

Outro fator observado é que alimentos ricos em gordura saturada, aumentou a infiltração de macrófagos (células do sistema imune inato, liberando mais substâncias inflamatórias) no tecido pulmonar, especificamente nos alvéolos, o que é muito relevante para pacientes com COVID-19, dada a inflamação do tecido pulmonar e o dano alveolar neste quadro. Além disso, a obesidade prejudica a função, volume e expansão dos pulmões.

Outro mecanismo gerado pela ingesta da dieta ocidental e gorduras saturadas, é que a imunidade adaptativa fica prejudicada devido ao estresse oxidativo induzido/gerado pelo padrão alimentar, influenciando de maneira importante na defesa do hospedeiro contra o vírus.

Portanto, fazer escolhas alimentares saudáveis e praticar atividade física não só ajuda a diminuir o risco de desenvolver outras doenças crônicas, como também evita prejuízos ao nosso sistema imunológico.

Com base nisso, vamos listar 8 mudanças que você pode fazer no seu dia a dia para ajudar no controle do peso:

  1.  Mastigação: Mastigar bem os alimentos é fundamental! Afinal, só conseguimos absorver os nutrientes após a quebra do alimento e são os nutrientes (antioxidantes e anti-inflamatórios) que nos ajudam a quebrar a gordura e utilizá-la como fonte de energia quando realizamos atividade física. Além disso, a mastigação gera estímulos para a saciedade. Sendo assim, coma em locais tranquilos e devagar.
  2. Ingestão de Líquidos: Muitas vezes ingerimos pouca água e com isso, o sangue fica mais espesso e a chegada de nutrientes e oxigênio as células também fica mais difícil, necessitando de uma força do coração para bombear o sangue para o corpo todo. Além disso, é a água que vai ajudar a eliminar as toxinas do organismo através da urina e das fezes; ajuda na hidratação dos olhos e vias aéreas superiores, pele, etc.
  3. Será que é fome, vontade de comer ou até mesmo desidratação?: Pois é… muitas vezes comemos de maneira rápida ou sem nos atentarmos e com isso nosso corpo pede ainda mais comida! Ou também quando já comemos e nos deparamos com a “fome” logo em seguida, já aconteceu com você? É importante verificarmos, primeiramente, se estamos bem hidratados, depois se faz muito tempo que estou em jejum ou se é só vontade de comer. Com certeza uma alimentação rica em grãos integrais e sementes irá ajudar na saciedade e na diminuição dessa fome ou vontade de comer repentina!
  4. Sono equilibrado e saudável: Sim, uma boa noite de sono é fundamental para ajudar no controle de peso! Por isso, tente dormir de 7 a 9h por noite e entrar naquele sono profundo, pois é nesse momento que nosso organismo irá se “ajustar” para o próximo dia, eliminando toxinas e neurotoxinas, melhorando massa muscular, etc. Caso contrário, a chance de compulsão ou de comer mais ao longo do dia seguinte é maior.
  5. Pratique atividade física: Além de ajudar no sono, pois controla uma série de hormônios, a atividade física nos ajuda a aumentar a imunidade e a queimar a gordura, trocando-a por massa muscular.
  6. Inclua alimentos ricos em antioxidantes e anti-inflamatórios: Frutas, verduras e legumes são riquíssimos em nutrientes e são eles que ajudam na nossa imunidade! Sendo assim deixe seu prato o mais colorido possível, inclua gengibre, canela, cúrcuma, alecrim, orégano, alho, cebola e outros temperos naturais na sua rotina alimentar para diminuir processos inflamatórios causados ao longo do dia.
  7. Evite alimentos processados e ultraprocessados: Alimentos industrializados ultraprocessados como gelatinas, sucos em pó/caixinha, comidas prontas congeladas, salgadinhos e bolachas são ricos em aditivos químicos que só causam mais inflamação, pois nosso corpo não reconhece aquele aditivo químico e recruta nossa imunidade para eliminá-la através da liberação de substâncias inflamatórias.
  8. Consuma grãos integrais e evite os alimentos refinados: Carboidratos refinados, como pães, massas, bolachas/biscoitos, arroz branco, açúcar de adição, doces concentrados, balas e bolos são absorvidos muito rapidamente, fazendo com que o organismo estoque essa grande quantidade de açúcar que foi absorvido na forma de gordura e causando todo o processo inflamatório comentado acima. Já os alimentos integrais diminuem o tempo de absorção desse açúcar, sendo liberado lentamente na corrente sanguínea, deixando-nos com mais saciedade.

 

Larissa Monteiro e Ligia Moreira – Nutricionistas do CCC.

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