Teste de assinatura gênica pode identificar pacientes com câncer colorretal em risco de recorrência

Por Dr. Cid Buarque Gusmão, médico oncologista e fundador do Centro de Combate ao Câncer.

Durante o 2011 Gastrointestinal Cancer Symposium, ocorrido en­tre 20 e 22 de janeiro de 2011 nos EUA e patrocinado pela ASCO (American Society of Clinical Oncology), investigadores mostraram que um teste de assinatura gênica (ColoPrint) pode identificar o risco de recidiva para pacientes com câncer colorretal com doen­ça localizada (estágio II) após terem sido submetidos a tratamento cirúrgico. O teste, que analisa a expressão de 12 genes, poderá ter implicações importantes para as decisões de tratamento, uma vez que a quimioterapia adjuvante não é recomendada de rotina nesse cenário, apesar de cerca de 20% desses pacientes apresentarem re­cidiva do câncer.

Na decisão sobre as opções de tratamento, especialmente na esco­lha da indicação de quimioterapia adjuvante ou seguimento clínico sem tratamento, são considerados fatores clínicos, como o estágio do tumor, número de linfonodos avaliados, a presença de obstrução ou perfuração quando do diagnóstico e fatores histológicos, especi­ficamente a classificação do tumor como alto grau. Entretanto, esses fatores clínicos são insuficientes para definir prognósticos decisivos.

Nesse estudo, os investigadores avaliaram 233 pacientes submeti­dos à ressecção cirúrgica para o estágio II ou III de câncer colorretal no período de 1987 a 2003. Desses pacientes, era possível obter tecido congelado, parâmetros e seguimento clínico. Os resultados obtidos com o teste de assinatura gênica foram comparados com fatores clínicos relevantes, tais como idade, sexo, localização e grau do tumor, número de linfonodos avaliados e o estágio do tumor. Nos 135 pacientes com estágio II avaliados, o teste foi eficaz na identifi­cação dos pacientes com maior risco de recorrência do câncer.

O teste de assinatura gênica identificou 73% dos pacientes em está­gio II de baixo risco e apenas 5% deste grupo experimentou recidiva do tumor em seguimento de cinco anos ou mais. Dentre os demais 27% dos pacientes identificados pelo teste como de alto risco, 20% apresentaram recidiva do tumor, após um acompanhamento media­no de 97 meses [HR=4.1 (IC 95% 1,31-13,01, p=0.009).

Na análise univariada, o teste de expressão gênica ColoPrint foi significativamente o único fator preditivo para o desenvolvimento de metástases à distância.

Referências:
Rosemberg R, Maak M, Simon I, et al. Independent validation of a prognostic genomic profile (ColoPrint) for stage II colon cancer (CC) patients. 2011 Gastroin­testinal Cancers Symposium – abstr 358

 

Opinião

Dr. Jorge Sabbaga, médico oncologista associado ao Centro de Combate ao Câncer.

Neste estudo de validação, o desempenho de ColoPrint parece ser independente de fatores clínicos conhecidos. O estudo mostrou que o teste foi capaz de identificar os pacientes de alto risco de recidiva do tumor e poderá se transformar em importante ferramenta na decisão da terapia adjuvante.

O valor do teste de assinatura do gene na avaliação do risco de recidiva do tumor está sendo avaliado em estudo prospectivo comparando os fatores de risco clínicos e o teste de assinatura gênica. O estudo “The PARSC trial: A prospective study for the assessment of recurrence risk in stage II colon cancer (CC) patients using ColoPrint” foi iniciado em setembro de 2008 com 26 centros participantes distribuídos em 11 países. Até o momento, o estudo recrutou 223 pacientes com câncer colorretal estágio II e tem como objetivo analisar 600 pacientes estágio II. Caso os resultados desse estudo prospectivo confirmem o observado até o momento, esse teste deverá se tornar uma opção importante na melhora da estratificação dos pacientes e na decisão do mais adequado tratamento a ser oferecido.

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